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Fotografia, cordel e consciência social sob a perspectiva de Thiago Wierman

  • Foto do escritor: Abarca Cultural
    Abarca Cultural
  • 15 de jul. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 10 de mar. de 2020

Por Cristiane Albuquerque



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Foto: Thiago Wierman


O projeto Memória Viva - Santos Dumont do fotógrafo e poeta mineiro Thiago Wierman foi aprovado no último edital publicado pela Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (FUNALFA) através do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM) de Juiz de Fora. A proposta do artista neste primeiro trabalho autoral é rememorar a vida e a obra do “Pai da Aviação” por meio do diálogo entre fotografia e a poesia. Wierman ainda aprovou um segundo projeto no mesmo edital, Olhares da Cidade - escola popular de fotografia, uma parceria com a fotógrafa Leda Soares que propõe a popularização das técnicas fotográficas para um público mais abrangente.


A exposição sobre Alberto Santos Dumont foi montada inicialmente na terra natal de Wierman, a pequena cidade de Santos Dumont-MG, em outubro de 2018. De acordo com o autor a ideia surgiu no ano anterior durante uma viagem à Europa quando em sua passagem pela França, ao fotografar a Torre Eiffel, lembrou-se das proezas do conterrâneo ilustre (sob o céu de Paris) e resolveu reconta-las por meio da fotografia.


“Desde pequeno escuto falar da Torre Eiffel. Inclusive na minha cidade, no centro da cidade, tem a réplica da torre Eiffel (risos). Então quando eu vi o monumento de perto lembrei da figura de Santos Dumont - que no século anterior havia passado por ali, enfim. E percebi que os jovens infelizmente não o reconheciam - como também tem acontecido aqui no Brasil. Aí comecei a fotografar aquele cenário e a comparar com fotos antigas. Daí pensei ‘porque não fazer um projeto e tentar trazer a memória dele de volta?'” relata Wierman.


E para recontar a passagem de Dumont pela história (através da arte da fotografia) Thiago procurou retomar os caminhos percorridos pelo inventor por meio de um meticuloso trabalho de pesquisa que durou cerca de um ano e meio. O resultado foi uma composição criativa que mistura as artes visuais à poesia de cordel (em um diálogo entremeado por uma variedade de elementos sensoriais).



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Foto: Thiago Wierman

A ideia foi ir além da fotografia porque eu queria passar para as pessoas aquela sensação que experimentei quando eu estive em cada lugar. Por exemplo, tem a história da linha férrea que o pai dele construiu. Eu quis trazer esse elemento tátil de construir uma réplica de uma linha férrea como se fosse o trem chegando - com reprodução em áudio e tudo. Depois o pai dele se tornou um cafeicultor, então o café passou a ser muito importante na vida dele. E eu tentei trazer aquele aroma do café através do grão. A intenção foi trazer essa memória pra ajudar a contar a história” explica Wierman.


Com relação a se valer da literatura de cordel para "alinhavar" sua perspectiva histórica sobre Dumont o fotógrafo conta que sempre gostou de escrever poesia, mas após conhecer o cordel de perto (logo que retornou ao Brasil - em uma passagem pelo Nordeste) não teve dúvidas da forma como direcionaria seu primeiro trabalho autoral.



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Foto: Thiago Wierman

Na cidade interiorana de Santos Dumont a exposição teve o auxílio parcial da prefeitura (através da disponibilização de um espaço físico para montagem dos stands). Já em Juiz de Fora, com a aprovação no edital pela FUNALFA, o trabalho, que ainda será agendado, conta com o apoio da Fundação nas mais variadas frentes.


Após esse segundo momento no CCBM a intenção de Wierman é fazer a exposição circular não somente pelo Brasil, mas internacionalmente - com destaque para Europa.


Já o projeto Olhares da Cidade - escola popular de fotografia, em parceria com Leda Soares, tem o objetivo de popularizar a fotografia por meio de cursos e palestras que versem sobre as mais variadas técnicas de composição fotográfica (especialmente através do uso do celular).


Porque o que acontece é que os cursos formais de fotografia são muito caros além do equipamento e tudo. E hoje em dia tem o uso do celular. Então, a ideia é fazer pequenos cursos com preços acessíveis. Proporcionar um espaço na cidade que as pessoas possam ter esse contato com a fotografia sem precisar fazer grandes investimentos. O objetivo maior é levar oportunidade as pessoas pra que elas possam desenvolver o olhar pra fotografia percebendo-a como uma ferramenta social. Tanto pra denúncia como pra representar uma classe ou uma região. Usar a fotografia como um meio de resistência” argumenta Wierman.


Após o agendamento de ambos os projetos pela FUNALFA/CCBM as datas e horários (tanto da exposição como das oficinas e palestras) serão divulgados nos meios de comunicação da cidade de Juiz de Fora, bem como nas diversas mídias digitais.






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Foto:Thiago Wierman

Thiago Wierman tem especialização em manipulação digital de fotografias históricas. Além de projetos autorais, trabalha com fotografia (de viagem e documental) atendendo a órgãos públicos, instituições privadas e beneficentes.






Acompanhe o trabalho de Thiago Wierman:





Confira abaixo trechos do cordel de autoria de Wierman que acompanha a exposição Memória Viva - Santos Dumont:



"Caçoado entre irmãos

pela sua ousadia

De dizer que homem voa

Com tamanha euforia

Sua imaginação ferve

Junto aos livros de Verne

Aumentando a teimosia


Tem a pipa que soltava

Pelos campos a brincar

E o gato qu’ele fazia

Do céu sempre despencar

Também veio a bicicleta

Tendo a infância repleta

De histórias pra contar


Tudo o que via ia além

Muitos prêmios ele ganhou

Indo sempre mais alto

Do que o homem imaginou

E foi o primeiro a provar

Que era mais leve que o ar

Quando o 14 bis voou


Do mundo virou herói

Muita fama conquistou

Seja na alta sociedade

Ou entre os “trabalhador”

Foi exemplo de humildade

Ao doar à humanidade

Suas obras de valor


Na cidade Imperial

Construiu a Encantada

Onde escrevia livros

E as estrelas vigiava

Pra Palmyra então seguia

E em Cabangu dormia

E da fazenda ele cuidava


Mas a fama é perigosa

E difícil de curar

Misturada à doença

Que não tem como tratar

Aos poucos a depressão

Lhe corrói o coração

Cansado já de lutar"

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