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Coco, Museu e Rubacão: tudo junto e misturado em Homenagem a Dona Socorro

  • Foto do escritor: Abarca Cultural
    Abarca Cultural
  • 1 de mar. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 3 de mar. de 2020

Grupo de Percussão Coqueiro Alto homenageia Dona Socorro do Bloco do Rubacão da Socorro no Museu Vivo do Nordeste



Por Cristiane Albuquerque



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Foto: Raízes


O evento, que mais parecia um “grande encontro entre amigos”, aconteceu no último sábado, 29, a partir das 16h no Museu Vivo do Nordeste e seguiu noite adentro animado pelo “batuque” do grupo Coqueiro Alto e repertório do DJ Jef. Além da homenageada, Socorro Castro, estiveram presentes os organizadores do Bloco Rubacão da Socorro, a Companhia Raízes de danças folclóricas; Álvaro Fernandes, diretor do Sesc Centro de Campina Grande; e a jornalista e mobilizadora cultural Manu Alves.


Os “trabalhos” foram oficialmente abertos com Socorro Castro convocando a todos para degustarem do seu famoso Rubacão, que, como de costume, foi servido ao longo da festa em duas versões (com e sem carne). E o pessoal não se intimidou em repetir o prato.


Na fala de abertura o historiador Adoniran Ribeiro, diretor do Museu Vivo do Nordeste, explicou a proposta do espaço de cultura - construído no quintal de sua casa. De acordo com ele o objetivo do museu é reavivar o passado interiorano nordestino através de um tipo de “disposição cenográfica específica”. Adon, como é popularmente conhecido, disse ainda que o lugar está aberto a apresentações artístico/culturais e, por fim, agradeceu a presença de Dona Socorro Castro e demais representantes da cultura popular.



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Foto: Thiago Wierman

Na sequência Ronildo Cabral, um dos fundadores do Raízes, tomou a palavra para destacar a importância do Bloco do Rubacão da Socorro na cidade de Campina Grande, bem como do Grupo Coqueiro Alto e do Museu Vivo do Nordeste como "verdadeiros fomentadores da cultura local” . Apontou ainda a figura de Álvaro Fernandes como promotor e reconhecedor dos diversos sujeitos sociais que se predispõem a “fazer a cultura campinense acontecer”.



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Foto: Thiago Wierman

Figura tarimbada nas concentrações do Bloco do Rubacão da Socorro, o grupo de percussionistas, Coqueiro Alto, não por acaso, escolheu homenagear Dona Socorro justamente no sábado pós carnaval, dia em que o Bloco costuma desfilar nas ruas da cidade. De acordo com Cabral, em entrevista para ABarca, o bloco não saiu em 2020, após oito anos de história junto ao carnaval campinense, "simplesmente por falta de recursos financeiros".


A gente não saiu esse ano por uma questão financeira. Porque pra sair com um bloco desses envolve muita coisa. A nossa intenção sempre foi investir na cultura popular - coco, ciranda, maracatu, forró, marchinhas de carnaval e axé retrô. E pra cobrir as necessidades do bloco precisamos de dinheiro. Infelizmente a gente vem passando por um processo de não reconhecimento desses valores culturais, especialmente por conta de uma política - que vem de cima pra baixo – e que não reconhece os valores locais”, explica.


Além da falta de incentivo por parte dos governos, Cabral ainda destaca o “pouco interesse” da iniciativa privada em patrocinar movimentos culturais locais vinculados à cultura popular.


Daí a gente acaba se endividando pra promover algo que é de interesse público, o fomento dessas manifestações culturais. E infelizmente os órgãos públicos ou a iniciativa privada têm virado as costas pra gente”, lamenta.


Dona Socorro Castro também lamenta a falta de interesse pela arte e pela cultura local, mas acredita que no próximo ano o bloco vai sair na rua e mais fortalecido.


Acredito que ano que vem estaremos na rua que é o nosso lugar, junto do povo. E tem uma geração mais nova que têm cada vez mais valorizado o que é nosso. E o Rubacão é nosso e sempre será, afirma.



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Foto: Arquivo Bloco Rubacão da Dona Socorro

O Bloco Rubacão da Dona Socorro é uma parceria da Companhia Raízes e da incentivadora cultural Socorro Castro. Criado em 2012, busca fomentar a cultura nordestina através da popularização e democratização do acesso as expressões artistico/culturais da terra. Por esse motivo, de acordo com os organizadores, uma das principais políticas do Bloco é não fazer uso de cordas em seus desfiles.


Modelado pelas mãos de muitos artistas o Rubacão da Dona Socorro conta com a parceria de Sergio Nascimento (confecção dos estandartes); Aroldo Vidal (criação do Troféu Rubacão); Corrinha dos Bonecos (Boneca Rubacão); além dos grupos que costumam se apresentar em suas diversas versões (Coqueiro Alto, Maraca Grande, Tirinete, Carlos Perê entre outros).


De acordo com Cabral uma das propostas do bloco é homenagear, a cada ano, uma personalidade local, e frisa que essa homenagem é feita em vida. Dentre os homenageados é possível citar: Eneida Agra Maracajá, Raimundo Formiga, Fatinha Ribeiro, Antônio Nunes, além da própria Dona Socorro.


O "Rubacanesco" é outro atrativo idealizado e produzido pelo Bloco. O evento, que geralmente acontece alguns dias antes do desfile oficial, se constituiu como um baile carnavalesco aos moldes dos carnavais antigos. E a retomada desse modelo parece ter inspirado outros nichos culturais que vez por outra vêm repetindo a receita na cidade de Campina Grande.



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Inaldete de Paula e Ronildo Cabral (Raízes) ao lado de Socorro Castro no Bloco do Jacaré/foto: arquivo do Raízes

E Dona Socorro inspira tudo isso. Uma pessoa que eu conheci há muitos anos. Sua alegria, sua força nos inspiram. Pessoas como ela são necessárias. A importância dessas pessoas no cenário atual que a gente vive - de desmembramento da cultura - é crucial. Devemos sempre dar importância a essas pessoas porque são o diferencial na questão do produzir cultura. Então, Dona Socorro gera tudo isso. Pra gente é um enorme prazer ver essa vitalidade que ela reflete. Uma referência pra gente e uma referência pra tantos outros. É uma mulher que tem essa festividade na veia e pra nós é uma grande alegria estar ao lado dela buscando fazer esse bloco seguir em frente” declara Cabral.







E toda essa garra, vitalidade e força de que fala Ronildo Cabral - quando se refere a Dona Socorro Castro - foi expressada no palco do Museu Vivo do Nordeste, no último sábado, 29, pelos meninos do Coqueiro Alto, que, junto a um público caloroso e cheio de energia, conclamou, através da batida do coco, pela volta do Bloco Rubacão à avenida. Que venha 2021!!!!



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