Agroecologia e o protagonismo feminino
- Abarca Cultural
- 13 de mar. de 2020
- 2 min de leitura
INSA chama atenção para o papel das mulheres na agricultura familiar
Por Cristiane Albuquerque

O Protagonismo Feminino na Agroecologia foi tema do encontro realizado na tarde desta sexta-feira, 13, no auditório do INSA (Instituto Nacional do Semiárido). O evento, organizado pelo Instituto (dentro da Programação do Dia Internacional da Mulher), reuniu agricultoras, sindicalistas e membros de Clubes de Mães de diferentes microrregiões como: Logradouro, Estreito, Lucas e Sobradinho. Representantes do Centro de Ação Cultural (Centrac) e alguns membros da comunidade acadêmica também se fizeram presentes.
Após a exibição de um vídeo institucional do INSA (apresentando o Instituto como um espaço científico que ultrapassa à academia) foi exibido o documentário “As Sementes”, de Beto Novaes e Cleisson Vidal. O intuito dos organizadores foi introduzir o tema do protagonismo feminino na agroecologia (chamando atenção dos presentes para um debate posterior).
Na sequência Josefa Gomes Valentim, uma das lideranças em agroecologia (atuantes na região de Campina Grande e circunvizinhança), palestrou para um grupo atento de mulheres que claramente, em diversas ocasiões, demonstrou estreita identificação com a história de vida e luta contada pela agricultora.

Filha de pequenos agricultores, Josefa, ou Zefinha Valentim como é popularmente conhecida, cresceu, de acordo com ela, em um ambiente afetuoso, porém permeado por pobreza e opressão (intensificado por concepções machistas que não reconheciam a mulher como um verdadeiro agente provedor da família). E para buscar superar esta condição (de exploração e invisibilidade - que ultrapassou sua infância se estendendo até a vida adulta com o casamento) Zefinha encontrou na agroecologia uma ferramenta importante de empoderamento na luta por uma maior liberdade de gênero e autonomia econômica.
“Ser mulher é ter a consciência de liberdade e não ter vergonha de ser mulher e muito menos de ser agricultora. A nossa dignidade, na maioria das vezes, depende de nós. Quem faz o lugar somos nós. Então, o mundo também depende de mim”.

Zefinha contou que foi apresentada a perspectiva da agroecologia através de um padre, e, por meio da igreja católica se aproximou mais intimamente dos problemas e anseios da comunidade. A partir daí se organizou com outras mulheres (formando grupos de ajuda mútua) e, na sequência, finalmente aderiu ao sindicato .
Pra mim experimentar a agroecologia é vivê-la no dia a dia e não apenas proferindo palavras bonitas sobre ela”.
Atualmente Zefinha é uma das lideranças mais requisitadas junto às comunidades de agricultura familiar que buscam se organizar de forma sustentável. De acordo com ela as mulheres são as principais protagonistas no que tange os movimentos voltados à agroecologia. “E isso deve ser reconhecido e valorizado”.

Após a fala emocionada da militante Josefa Valentim outras mulheres aproveitaram o espaço para se colocarem como mulheres agricultoras no cenário político atual, dividir experiências e chamar outras tantas mulheres para unirem-se a elas na luta por mais dignidade e liberdade de atuação.
Ao final das colocações, perguntas e respostas os organizadores do evento sortearam cartilhas explicativas sobre algumas técnicas agroecológicas, além de distribuírem calendários com projetos gráficos voltados ao tema.
O filme de 2015 aborda algumas iniciativas que reúnem cooperativismo, feminismo e agroecologia.
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