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“Blogueragem”

  • Foto do escritor: Abarca Cultural
    Abarca Cultural
  • 14 de nov. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 10 de mar. de 2020

Coluna do Zé



Por zé Wendell

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Imagem: Pinterest






Outro dia eu estava "de brisa" matando um tempo livre no Instagram quando que de repente (em meio aquele bombardeio frenético de informações instantâneas seguido de um turbilhão de imagens narcísicas com modelos perfeitos, viagens internacionais, refeições caríssimas, nudes e infinitos filtros com memes - sem falar nas fakenews) senti-me sugado. Que onda!

Era como se minha alma tivesse sido sequestrada e lançada numa realidade paralela. O que parecia ser apenas cinco minutos de distração, já se transformara em quase duas horas e meia de “passadas para o lado”, “arrastadas para cima”, cliques e coraçõezinhos. Vida moderna!



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Imagem: Pinterest

Minha visão estava turva. Eu estava enjoado e um pouco tonto, assim que meio ressacado, quando um sentimento contrário me abateu. “Porque não estou lendo um livro ou arrumando minhas gavetas?”, me perguntei aflito. Qual a dificuldade de ocupar o tempo ocioso? Porque não conseguimos ficar em silêncio? Fazer uma meditação ou apenas parar, respirar e relaxar? Impossível. Parece que estou fora do mundo. A sensação é de perda. Dá um comichão na mão e já pego o smartphone. É como se algo muito sério estivesse para acontecer. Uma grande novidade que está prestes a vir à tona e eu não posso perder. Resumindo, acho que estou viciado nessa “porra”.



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Imagem: Pinterest

É fato. Não adianta. Somos todos viciados. São as demandas da modernidade. Não tem pra onde correr. Eu mesmo já não consigo dormir sem antes ver alguns stories, stalkear dos amigos e visitar alguns perfis desconhecidos. Muitas das vezes quando me dou conta já estou nos Emirados Árabes. Tudo isso sem sair da minha cama. Só curtindo fotos (de perfil em perfil). E o pior, travadíssimo. Efeito da luminosidade da tela sobre a retina, certamente! Sem falar que a insônia bate e a cabeça fica à mil. Resultado: ansiedade, angustia, palpitação, idealização e frustração seguida de um impactante choque de realidade (quando você se dá conta, por exemplo, de que a sua vida não é tão feliz quanto a vida de um blogueiro). Sim! Que você não ganha sushi de "recebidos", nem tênis da nike, muito menos viagens para Fernando de Noronha com direito a um acompanhante com tudo pago.


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Imagem: Pinterest
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Imagem: Pinterest

Pois é. Me sinto como se tivesse me rendido ao sistema com um desejo nefasto de mostrar tudo o que faço. Além de sair curtindo tudo que vejo pela frente tenho que confessar que já ando meio catedrático no assunto e agora entre um surto e outro tenho pensado seriamente em criar conteúdo. Já tenho até pautas anotadas num caderninho. Desculpem os blogueiros profissionais. Sei que tudo isso pode não passar de uma afetação momentânea. Um engano. Onde o “meu eu” tomado de uma carência sintomática, resultado de uma mente fútil e vazia, queira como quem não quer nada cair de vez nessa blogueragem diária. E tudo que desejo é sair do anonimato e virar figura pública com perfil verificado.












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Foto de arquivo

José Wendell Soares é bacharel em Interpretação pelo curso de Artes Cênicas da Unirio-RJ (2004-2009). Atualmente integra a Cia Omondé de Teatro do Rio de Janeiro.

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