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ACEITA QUE DÓI MENOS

  • Foto do escritor: Abarca Cultural
    Abarca Cultural
  • 24 de out. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 10 de mar. de 2020

Coluna do Zé

Por: José Wendell





Sobre o erro. Porque ele é inerente e desde que o mundo é mundo a gente o sente.



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Gastei o que não devia. Inconsequente!

Alimentei uma relação com um crush que não era necessária só por carência e idealização amorosa. Acidente. Por fim, fui me pesar e, ao contrário do que parecia, depois de tanto esforço físico na academia (correndo na esteira, exorcizando o capeta da caloria) aumentei cinco quilos em dez dias. Surpreendente!”.


Mas para completar a desventura sempre damos um jeitinho de nos livrarmos da culpa. Então, logo pensei: pode parecer besteira, mas com certeza esses quilos a mais é tudo culpa da cerveja.


Com culpa ou sem culpa a verdade é que todo dia erramos. Graças a Deus! Pode até parecer estranho mas errar só prova que a gente é humano. Tudo bem, às vezes erramos feio. Colocamos os pés pelas mãos. Erramos em centavos e há quem ainda erre em milhão. Parece que seguimos o rastro eufórico da desilusão dos dias. Agimos por impulso. Espécie de droga, diria o neurocientista. É como se fôssemos intoxicados por uma substancia alienante, pois no momento da ação, no ato da impulsão, na maioria das vezes, sem dó nem piedade parcelamos tudo no cartão em até 12 vezes. Até chegar o fim do mês pra ter que encarar a realidade da fatura mais uma vez.


E a realidade dói. Mas é uma dor necessária, pois talvez seja ela o maior antídoto para essa querela. É ela que repara o erro. Não tenha dúvida! Pois é nela que você encara (de um jeito ou de outro) a si mesmo. E foi noutra dessas que quase me estrepei. Quando por um rapaz do Instagram me apaixonei. O cabra era bonito demais! “De cara” foram três fotos curtidas, conversa no direct (com direito a nudes e a “molesta”).



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Imagem: Pinterest


No dia seguinte já estávamos os dois praticamente casados. Assim durou quase três meses. Um bafo! Até a realidade mais uma vez provar que, apesar de ser lindo e “pirocudo”, o rapaz vivia em outro mundo. A verdade é que estava alimentando um sentimento errado. Era só tesão confundido com paixão. Ou qualquer outra coisa parecida com o clássico ideal de “relacionamento entubado”.


O fato é que, apesar dos pesares, foi o máximo! E no fundo, no fundo, bem na raspa do taxo, talvez ele tenha passado pelo mesmo engano. Afinal, somos todos “farinha do mesmo saco”. Passamos a vida dando murro em ponta de faca, batendo com a cabeça na parede e torcendo para encontrar a “alma gêmea”. E assim seguimos atirando para todos os lados, embora acredite piamente que de todos os erros esse mereça destaque. Porque no final das contas esse papo de alma gêmea não passa de mais uma “história de araque”.


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Imagem: Pinterest

E enquanto a felicidade não vem, corro para o martírio diário. São quatro quilômetros de esteira para exorcizar o “capeta da caloria”. E fazer a terapia, antes que meu mundo seja invadido e se transforme em distopia. Porque nem sempre se vê o erro e na maioria das vezes quando se enxerga já é tarde demais. As vezes ele vem camuflado. No meu caso são cinco quilos a mais que ganhei da maldita ansiedade do dia-a-dia.


Açúcar em demasia, falta de amor-próprio, torpor diário. A conclusão que chego se aproxima daquele ditado: se correr o bicho pega se ficar o bicho come. Afinal, “aquilo que não tem remédio remediado está”. “Errar é humano. Permanecer no erro é burrice”. E aceitar o erro é hoje sinal de inteligência, pode crer! Pois, como diz a ciência moderna: a auto aceitação acaba com a culpa, estrangula o ego e é um dos melhores antídotos contra a auto depreciação. Não há saída. Quer um conselho? Aceita que dói menos. Porque o resto é sofrimento. Ou tu preferes ficar por aí falando besteira, tapando o sol com a peneira à espera de um milagre?








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José Wendell Soares é bacharel em Interpretação pelo curso de Artes Cênicas da Unirio-RJ (2004-2009). Atualmente integra a Cia Omondé de Teatro do Rio de Janeiro.

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